Saturday, October 09, 2004

traí-me

A minha voz É um silêncio sólido, com relevo
O meu olhar É um espasmo sonoro, desafinado
Os meus gestos SÃO cores esbatidas, contrastantes
O meu corpo É a chuva QUENTE, evaporada
Nada em mim é propriedade

O meu coração traiu-me a razão

2004

Tuesday, September 28, 2004

desalinho

sinto-me aguilhoada ao registo dos ponteiros do relógio,
como se cada minuto me levasse um pouco de fôlego, de vida

queria ser tão livre quanto o sou por dentro
não caibo em mim

tenho a dor de o que nasce em mim não se poder desprender
nos meus dedos, gelados, dormentes de vontade
sinto o calor do pensamento e o desalinho do meu sangue!

a minha vida é um desperdício de energia.......................

Monday, September 27, 2004

quero

quero saltar para lá de mim
o meu espaço não tem lugar
os meus olhos não encontram horizonte
procuro nos livros o que não sei que procuro
procuro em ti o que não tenho
mas
nem tu
nem os livros
me roubam esta ansiedade
são impotentes diante do passado
agonizo nas lutas que travam
celebram vitórias que nunca tiveram
e eu
desmaterializo-me
já não vos temo
nem vos amo


2003

sem nome

queria não ter identificação
queria ser como o meu coração
sem nome nem caminho

não compreendo o que sinto

agoniam-me os gestos

2003